Case - Morada da Floresta: sustentabilidade urbana pela economia circular


SOLUÇÃO

Os resíduos sólidos gerados nas cidades são um dos maiores desafios climáticos atuais. Só em São Paulo são mais de 12 mil toneladas diárias que vão parar em aterros contaminados. Cerca de 60% desses resíduos são materiais orgânicos, provenientes de cozinhas e manutenção de praças e jardins e que poderiam ser transformados em adubo. Inspirada por esse desafio, a Morada da Floresta busca estimular a economia circular por meio do consumo consciente e produtos sustentáveis desde 2009. Por meio de produtos reutilizáveis e que substituem os descartáveis, a organização criou marcas próprias para compostagem doméstica (composteira Humi), menstruação sustentável (Ecoabs) e produtos para a primeira infância (Bebês Ecológicos). A startup também está envolvida em práticas de ecodesign e parcerias público-privadas para a adoção de iniciativas educacionais, para fomentar a correta gestão de resíduos.

A composteira Humi, por exemplo, é uma inovação feita de material reciclado com sistema de drenagem e captação do adubo líquido para processar até 600 kg de resíduos por dia. Diferentemente de uma composteira doméstica, com minhocas, a Humibox usa bactérias que transformam resíduos em adubo, o que facilita o processo de compostagem por empresas. O sistema eleva sua temperatura acima de 60ºC quando as bactérias processam grandes sobras de material orgânico, além de evitar pragas e não gerar odor. A bomba é ativada por energia elétrica ou solar para coletar e recircular o líquido coletado que não vai para o solo, portanto, não há necessidade de licenciamento ambiental para a instalação.

HISTÓRIA

Práticas ecológicas já faziam parte do dia a dia de Ana Paula Silva e Cláudio Spínola, casal fundador da Morada da Floresta, que sempre buscou evitar o desperdício. Quando se conheceram, Spínola já fazia compostagem e coleta de água de chuva, enquanto Ana era adepta do coletor menstrual. Juntos, transformaram, no início dos anos 2000, a própria residência em uma experiência de permacultura na cidade, com adaptações para aproveitar a luz solar e a água da chuva e gerar alimentos com horta urbana, além de aproveitar os resíduos orgânicos por meio de compostagem. Com a chegada da primeira filha o casal optou por não usar fraldas descartáveis. E assim nasceu a inspiração para compartilhar essas práticas com a sociedade.

No caso da compostagem doméstica, o casal começou com um minhocário em caixas adaptadas e, em pouco tempo, se aliaram à Prefeitura de São Paulo para desenvolver o programa Composta São Paulo, em 2014. Neste projeto, foram selecionados 2 mil domicílios de diversos perfis para receber uma composteira doméstica e participar de oficinas de compostagem e plantio coordenadas pela equipe da Morada da Floresta. Além de fazer parte de uma comunidade online de troca de conhecimento e experiências, os participantes geraram informações e aprendizados utilizados para impulsionar e fomentar a elaboração de uma política pública para estimular a prática da compostagem doméstica na cidade de São Paulo.

Paralelamente às linhas de produtos domésticos, há também uma abordagem B2B, por meio de projetos de compostagem e educação ambiental para empresas, escolas, condomínios e indústrias. Uma das parcerias mais reconhecidas foi com a culinarista e apresentadora Bela Gil, parceira no desenvolvimento de uma fralda ecológica reutilizável. Somente até 2020, este produto contribuiu para reduzir mais de 10,5 milhões de fraldas descartáveis em aterros sanitários.


Sustentabilidade e harmonia com a natureza são associados a uma imagem campestre. Mas a maioria da população mundial vive nas cidades, então, é preciso buscar soluções com base nessa realidade.
— Ana Paula Silva e Cláudio Spínola, fundadores da Morada da Floresta

PRINCIPAIS CONQUISTAS

  • A composteira Humi foi lançada em 2017 e ganhou medalha de prata no Brazil Design Award, principal prêmio de design do Brasil

  • A iniciativa foi uma das premiadas no Empreendedor Social Folha em 2016

  • Finalista do Prêmio Cidadão Sustentável na categoria Meio Ambiente

  • Prêmio Lixo Zero

  • Prêmio Grandes Mulheres, da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios

  • Selecionado para programas de aceleração e investimentos como Green Sampa, Mining Lab, Braskem Labs, Impulsionamento da Climate Ventures, BNDES Garagem e Yunus Negócios Sociais, entre outros.  


APRENDIZADOS E DESAFIOS

A gestão ainda é um grande desafio e é preciso dar uma atenção especial à área de marketing e comercial.

Outro desafio é o de manter a inovação em meio à entrada de concorrentes, inclusive, que copiam as soluções apresentadas e lançam um desafio maior de diferenciação.


PLANOS PARA O FUTURO

Inovar nesse mercado é uma missão permanente para aprimorar produtos e serviços. A educação continua sendo um dos focos, com novos cursos online, como o para gestantes e os de compostagem.

 Entre os exemplos de inovação nos produtos, há o exemplo da composteira Humi, que tem apenas um tamanho mas pode ter sua capacidade ampliada com até cinco outras caixas digestoras, de 45 litros cada uma. Entre as vantagens está o fato de que a caixa não precisar de suportes, pode ficar exposta à chuva, é lisa por fora (o que facilita a limpeza) e tem chapas de metal nos pés que permitem a fixação de rodízios.


Ana Paula Silva, Cláudio Spínola e família. ©Projeto Draft.


IMPACTO CLIMÁTICO

A Morada da Floresta tem um papel social importante ao contribuir para a redução de resíduos e o aumento da consciência ambiental. Um bom exemplo do impacto climático deste negócio são as fraldas descartáveis. Um único bebê consome em média 6 mil unidades de fraldas industrializadas que, segundo a Unicef, levam 600 anos para se decompor no meio ambiente. Só nos últimos sete anos, a Morada da Floresta ajudou a evitar que 4,8 milhões de fraldas descartáveis fossem parar em aterros sanitários.

O composto produzido pelas composteiras, por exemplo, além de reduzir as emissões de carbono, enriquecem o solo de jardins e hortas de empresas que, por sua vez, alimentam o refeitório, tornando os colaboradores agentes de educação ambiental.

Alguns resultados de destaque demonstram o impacto socioambiental do negócio:

  • + 20.030 toneladas ao ano em emissões de CO² evitadas pela compostagem

  • 68.569 quilos de resíduos compostados por dia

  • + 2.992.281 absorventes descartáveis evitados e 24 toneladas de lixo não reciclável a menos nos aterros

  • + 10.406 fraldas descartáveis evitadas e 302 toneladas de lixo não reciclável a menos nos aterros sanitários

  • + 400 cursos e oficinas para empresas, escolas e consumidores, com 10 mil pessoas impactadas


RAIO-X 2022

  • Origem: São Paulo-SP

  • Fundação: 2009

  • Modelo: B2B e B2C

  • Fundadores: Ana Paula Silva e Cláudio Spínola

  • Fase do negócio: tração

  • Funcionários: 12

  • Faturamento: em média R$ 120.000 por mês


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