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Governança Climática: como o setor privado pode acelerar a transição para a Economia Verde

Em 19 de setembro de 2024, antecipando a Climate Week de Nova York, reunimos líderes empresariais, investidores e especialistas climáticos no evento “Engaging the Private Sector on Climate Governance”. Organizado pela Climate Ventures , Pacto Global da ONU Rede Brasil, Science Based Targets initiative (SBTi), CDP Latin America, escritório Mattos Filho e Instituto Talanoa , o encontro teve o intuito de abordar diversas frentes relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono. Com discussões focadas em metas climáticas, financiamento e regulação, o evento destacou a necessidade de ação urgente e mobilização do setor privado.

A importância da ação coletiva pelo capital privado

A crise climática é um dos maiores desafios globais atuais, e o setor privado é um dos atores que desempenha um papel essencial no desenvolvimento de soluções.

Anualmente, cerca de US$1,3 trilhão têm sido investidos em ações climáticas, um valor que representa apenas uma fração do que é necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Para suprir essa lacuna, é incontestável a necessidade de mobilizar o capital privado de forma abrangente e estratégica. Nosso evento buscou justamente apresentar formas eficazes para essa mobilização, promovendo um espaço de colaboração entre líderes de diversos setores.

A proposta do “Engaging the Private Sector on Climate Governance” foi fundamentada em uma abordagem de colaboração multissetorial, reunindo grandes empresas, investidores, ONGs e representantes de diferentes instituições. Esse encontro foi um momento estratégico para compartilhar conhecimentos, mapear desafios e explorar oportunidades que possam acelerar a adoção de soluções inovadoras e expandir o impacto das iniciativas de descarbonização.

A iniciativa reuniu as organizações responsáveis pela criação do projeto, com diversas especialidades, constituindo uma trilha robusta e estratégica para o setor privado.

A reunião destacou a importância da ação coletiva, e cada organização participante contribuiu com sua expertise para fortalecer a jornada, composta por visões complementares e conhecimentos essenciais das organizações envolvidas:

  • Pacto Global da ONU - Rede Brasil promove compromissos coletivos e projetos de ação climática, como o Movimento Ambição Net Zero, incentivando que empresas estabeleçam metas de descarbonização ambiciosas.

  • SBTi (Science Based Targets Initiative) aborda a importância de metas climáticas baseadas na ciência, garantindo que as práticas empresariais estejam alinhadas aos objetivos globais.

  • CDP Latin America destaca a importância da transparência, incentivando empresas a medirem e comunicarem seus progressos, o que facilita uma tomada de decisão informada por parte dos investidores.

  • Climate Ventures possui um pipeline de soluções inovadoras, conectando de forma estratégica aqueles que demandam soluções verdes a quem as oferece, coordenando atores para fomentar a inovação climática.

  • Mattos Filho e Instituto Talanoa fornecem insights sobre o cenário regulatório brasileiro, apontando oportunidades de financiamento e a criação de um ambiente favorável para investimentos sustentáveis.

O cenário atual do financiamento climático

Durante o evento, foram abordados tópicos essenciais para o avanço da economia de baixo carbono. Especialistas compartilharam dados, estudos e insights valiosos sobre o cenário atual do financiamento climático, a importância de metas baseadas na ciência, e da regulação e transparência para o mercado. Alguns dos principais pontos abordados foram:

  • Como escalar o Financiamento Climático

Beatriz Cunha, do Barclays Investment Bank , trouxe insights sobre os desafios de financiar a inovação em larga escala. Embora mais de US$ 200 bilhões estejam disponíveis em fundos climáticos desde 2021, apenas uma fração tem sido efetivamente alocada. Beatriz destacou a necessidade de superar o "vale da morte" do financiamento – uma etapa crítica onde muitas empresas de médio porte enfrentam dificuldades financeiras para crescer. A Barclay’s está investindo em inovações como Climate Techs, energias renováveis e captura de carbono, incentivando que o setor privado acelere investimentos para levar tecnologias de baixo carbono ao mercado.

  • NDCs como Planos de Desenvolvimento

O Instituto Talanoa lançou um estudo sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil, apontando a importância de metas ambiciosas e da criação de políticas de financiamento, como blended finance e taxonomias verdes, para alinhar o país com as metas globais. Com NDCs que miram uma redução de 60% nas emissões até 2030 e emissões líquidas zero até 2050, o estudo reforça a importância de regulações que facilitem o fluxo de capital privado.

  • A importância da transparência e de metas baseadas na ciência

O CDP destacou a relevância da transparência no monitoramento das ações climáticas, com mais de 80% do mercado de capitais no Brasil já coberto por relatórios de progresso. Ligia Ramos, da SBTi, reforçou a importância de metas baseadas na ciência para que as práticas empresariais estejam em sintonia com os objetivos globais de descarbonização.

  • O cenário regulatório no Brasil

Antonio Reis, do escritório Mattos Filho, abordou as oportunidades regulatórias no Brasil, especialmente com a Lei nº 14.904/2024, que define diretrizes para planos de adaptação climática. Ele enfatizou que explorar recursos de fundos internacionais, como o Green Climate Fund e o Adaptation Fund, pode impulsionar investimentos em soluções climáticas no país.

  • Plataforma Onda Verde: facilitando o acesso a soluções sustentáveis

A Climate Ventures reforçou a Plataforma Onda Verde (POV) como uma ferramenta para fortalecer redes de inovação climática. Durante o encontro foi feito o anúncio da integração da POV aos movimentos Conexão Circular, +Água e Impacto Amazônia, do Pacto Global da ONU - Rede Brasil,  além da renovação do vínculo já estabelecido ao longo do último ano como plataforma oficial de descarbonização do Movimento Ambição Net Zero. A POV visa direcionar o capital privado para soluções verdes eficazes. Daniel Contrucci, cofundador da Climate Ventures, destacou a importância da plataforma na conexão de empresas, startups e investidores, potencializando a implementação de tecnologias sustentáveis.

Unindo forças para uma transição verde

A Climate Week NYC 2024 reforçou que o futuro verde exige esforços integrados e estratégias inovadoras para transformar o setor privado em uma força motriz na luta pelo clima.

A conexão entre startups, grandes empresas e investidores cria novas oportunidades de cooperação e financiamento, essenciais para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.

O evento "Engaging the Private Sector on Climate Governance" demonstrou que a ação climática efetiva depende da colaboração multissetorial e apresentou que as ferramentas para acelerar a transição verde estão ao nosso alcance. Essa transição para um futuro sustentável exige mais do que promessas - é hora de traduzir compromissos em práticas reais, com impacto mensurável. O setor privado tem o potencial de liderar essa mudança, alavancar inovação e inspirar o mercado – e o momento de agir é agora.