Tecnologia do clima. Por que os investidores estão apostando em climate techs?

Setores de investimento em capital de impacto entre 2006 e março de 2021 por categoria de impacto e ano. Fonte: PitchBook | Geography: Global

As tecnologias climáticas evoluíram significativamente desde a primeira onda de investimentos de risco em tecnologias limpas no início dos anos 2000

O cenário atual de investimentos ganha cada vez mais impulso e a base de investidores que passaram a apostar em inovação sustentável já mobiliza bilhões de dólares para enfrentar uma ameaça global: as mudanças climáticas.

De investimento semente aos unicórnios, o ecossistema de investimentos em  tecnologia climática foi impulsionado por uma tendência não muito positiva: o aumento exponencial de desastres climáticos extremos em todo o mundo. Com a ameaça iminente, os riscos climáticos têm gerado um esforço internacional para zerar as metas de emissão líquida de carbono e os avanços tecnológicos e o empreendedorismo terão um papel primordial.

De forma geral, tecnologias climáticas traduzem soluções destinadas a descarbonizar a economia. O estudo Onda Verde, lançado em junho deste ano pela Climate Ventures, apontou oito setores prioritários para avançar nessa agenda: logística e mobilidade, gestão de resíduos, água e saneamento, florestas e uso do solo, agropecuária, indústria, energia e biocombustíveis e setor financeiro. E as startups devem catalisar soluções que incluem geração de energia renovável, veículos elétricos, agricultura celular, gestão hídrica e florestal, entre outras.

Dados do PitchBook, empresa especializada em dados financeiros, apontam que apenas no primeiro trimestre de 2021 surgiram mais fundos focados em reduzir a pegada de carbono do que nos últimos cinco anos e energia é a categoria que mais ganha atenção no portfólio de investimentos de fundos norte-americanos. Esta enxurrada de capital impulsionou empresas de tecnologia climática, sendo que, apenas nos primeiros meses deste ano, foram alocados venture capital mais de US$ 14,2 bilhões em venture capital globalmente - 88% do total de 2020.

A demanda por empreendimentos de baixo ou zero carbono deve crescer nos próximos anos no Brasil com a regulamentação das startups a partir do marco legal sancionado em 1º de junho. O Marco Legal das Startups (Lei complementar 182/21) entrará em vigor em setembro com o objetivo de apoiar gestores e investidores com um ambiente jurídico mais seguro. A lei prevê mecanismos que devem contribuir para a desburocratização das startups, abrindo oportunidades para que o poder público atue como fomentador de soluções inovadoras.

O entusiasmo atual por tecnologias climáticas representa uma reviravolta na não tão antiga tese de investimento de que este seria um setor marginal. Mas isso é resultado de uma nova dinâmica de mercado, que passou a adotar a sigla ESG (traduzido do inglês, práticas ambientais, sociais e de governança) e que se transformou em um novo critério para os investidores. Além disso, o setor privado também adentrou nessa agenda, pois precisam responder às demandas da sociedade por produtos e serviços ambientalmente mais limpos. 

O estudo Onda Verde pode ser baixado em https://aondaverde.com.br/

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