O que nos ensinam os desastres climáticos deste início de ano

Nos primeiros dias de 2022 as notícias sobre enchentes, com milhares de desalojados em Minas Gerais e Bahia, a onda de calor histórica no Sul do país e Argentina, as nevascas nos Estados Unidos, e a tragédia com a queda de rocha em Capitólio, provam que as mudanças climáticas estão impactando cada vez mais as nossas vidas. Isso, sem falar no aumento do número de contaminações por COVID-19 depois de quase dois anos de pandemia, o que torna ainda mais desafiador olhar para o futuro neste momento.

A pesquisa da IPSOS, Global Advisor Predictions, divulgada em dezembro, já indicava que 62% dos brasileiros acreditavam que desastres naturais, como secas e enchentes, seriam mais frequentes em 2022, mas não esperávamos que janeiro já concentrasse tantos eventos extremos.

Este cenário reforça o papel dos governos locais, que não podem ficar omissos na mitigação e adaptação aos impactos climáticos. As cidades brasileiras precisam estar mais bem preparadas para, em vez de remediar seus impactos, preveni-los, com infraestruturas urbanas adaptadas aos riscos climáticos.

As cidades também têm papel relevante na redução das emissões de carbono, até porque as maiores fontes - a agropecuária e o desmatamento - continuam a crescer. Segundo dados do Imazon, 2021 registrou o maior desmatamento dos últimos 10 anos na Amazônia (10,3 mil km²). Não por coincidência, a Organização Meteorológica Mundial acaba de divulgar que 2021 foi o 7º ano mais quente já registrado, cerca de 1,11°C acima dos níveis pré-industriais.

Diante desta crise crescente, e na contramão do negacionismo climático da política nacional, o setor privado se movimenta para liderar a transição para uma economia de baixo carbono na tentativa de mudar o paradigma de uma economia baseada em combustíveis fósseis. O relatório Risco Global 2022, documento preparatório do Fórum Econômico Mundial de Davos, já aponta a questão climática como a principal preocupação dos líderes para este ano.

O editorial da Folha de S. Paulo de 14 de janeiro, que reflete sobre a questão, lembrou que, em um futuro não muito distante, empresas e nações mais expostas ao risco climático podem enfrentar restrições de crédito e acesso a mercado. Isso significa que empresários e gestores públicos, com a pressão e apoio da sociedade civil, não podem se eximir de participar ativamente desta agenda.


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