O papel do Empreendedorismo Climático para o futuro do planeta

Durante a abertura do 1º Summit Climate Ventures, Ricardo Gravina, Cofundador da Climate Ventures, realizou um discurso sobre o papel do Empreendedorismo e o propósito da Climate Ventures para cerca de 200 pessoas presentes, entre elas empreendedores, pesquisadores, empresários, investidores, startups e representantes de projetos e movimentos sociais. Confira abaixo seu texto na íntegra.

 
Somos a primeira geração a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última que pode fazer alguma coisa sobre elas.
— Barack Obama

A gente escolheu essa frase porque diz exatamente o motivo de estarmos aqui.

Nunca antes tivemos tanto poder para transformar nosso planeta. E com todo esse poder, evoluímos muito. Mas o aumento populacional e o aumento do consumo gerou uma pressão sem precedentes no planeta. Não podemos negar que o modelo de desenvolvimento atual está destruindo o planeta e acabando com a maioria das pessoas. A resiliência do planeta e da sociedade está por um fio.

Não podemos fechar os olhos e fingir que isso não está acontecendo, mas também não podemos ser inocentes e achar que a coisa vai se resolver atuando da mesma forma que nos trouxe até aqui.

Somos 7 bilhões de pessoas vivendo nessa pequena bola azul voando pelo espaço... Além das outra trilhões de formas de vida que também moram aqui.

Ou saímos dessa juntos ou afundamos juntos.

A questão das mudanças climáticas, assim como muitos outros desafios complexos dos nossos tempos nos pede algo muito simples e incrivelmente desafiador: ação através da colaboração e do diálogo contínuos.

Para atuarmos de forma colaborativa, precisamos mudar nosso foco de atenção do eu, da individualidade, do “cada um no seu quadrado” para o nós, para o “fazer juntos”, para a qualidade relações, para a consciência da interdependência, inspirados em propósito maior que nós mesmos.

Acreditamos na transição da perspectiva do ego para o eco.

Somente assim, agindo coletivamente de forma coordenada, poderemos buscar soluções para os desafios que criamos.

Não temos todas as respostas ainda. Não sabemos exatamente como será esse caminho, mas certamente a jornada daqui para frente não é a do isolamento, mas da colaboração, da tolerância (mais do que isso, da apreciação pelo diferente). Precisamos nos unir, abrir os olhos ainda mais, e criar empatia com outros pontos de vista. Afinal, estamos todos juntos.

A consciência social sobre a importância do meio-ambiente também mudou as regras do jogo econômico. Novas oportunidades de negócios estão nascendo e ganhando força, seja para adaptação, mitigação ou regeneração.

Estamos diante de uma janela de oportunidade. Temos a chance de fazer desse desafio uma grande alavanca capaz de gerar crescimento econômico e prosperidade equilibrados. Isso vale principalmente para o Brasil. O desenvolvimento econômico não deve competir com a sociedade e o planeta, mas servi-los. Ousamos dizer que encontrar a resposta para essa questão é o maior desafio deste século.

Aliar crescimento econômico e impacto positivo é um caminho sem volta. E já evoluímos bastante nesse sentido. Cada vez mais recursos são destinados a NI positivo. Fundos internacionais de fomento ou mesmo de private equity já atuam no sentido de “esverdear” suas carteiras, bancos já consideram aspectos de impacto socioambiental na sua avaliação de riscos.

Vimos o ecossistema de suporte a NI que a gente conheceu em 2009 ganhar força. Vimos o acordo de Paris. Vimos investimentos em NI virarem assunto na mídia, nos planejamentos estratégicos de empresas, nos pipelines de aceleradoras e nas pautas de ministérios do governo. Hoje os NIs cresce a taxas chinesas de 7% a.a.

A Climate Ventures nasceu para acelerar esse processo com um recorte prioritário ao empreendedorismo climático, mas sem deixar o impacto social de lado.

Quando fomos perguntados sobre o porquê de uma iniciativa como essa, a resposta imediata foi: porque é o que precisa ser feito. Sentimos que é necessário fazer alguma coisa em relação às mudanças climáticas AGORA.

Partiu de uma conexão com nosso instinto de sobrevivência (nosso e de nossos filhos) e com a vontade de dar o nosso melhor por um planeta que nos pede ajuda. Criamos a Climate Ventures por amor ao planeta e aos seus povos. Por todos eles.

A Climate Ventures é uma plataforma para acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil articulando atores 3 campos diferentes: negócios, clima e tecnologia. Um olhar para prosperidade econômica, conservação do meio-ambiente e impacto em escala.

Não estamos sozinhos. Estamos conectados a um movimento bem maior. Além do Brasil, temos dialogado e trocado aprendizados com iniciativas nos EUA, Austrália, Canadá, China que também estão articulando suas redes nos 3 setores com o mesmo propósito.

Oferecemos essa plataforma para todos que estão tentando conectar criação de valor e riqueza com soluções que regeneram o planeta e as nossas relações sociais.

Temos 3 crenças fundamentais:

  1. Potência da ação coletiva;

  2. Potência dos empreendedores (ou agentes de mudança) e na sua capacidade de transformar suas realidades. Muitos já estão transformando. Apenas aqui na sala temos dezenas de empreendedores, executivos, líderes de movimentos sociais e criativos que estão fazendo trabalhos maravilhosos e gerando resultados reais nessa linha.

  3. Potência que o Brasil tem de utilizar a fertilidade da suas terras, a riqueza da sua biodiversidade e a suas enormes dimensões para gerar energia limpa de fato.

Existem 3 formas de atuar quando enfrentamos uma crise, segundo Otto Scharmer, criador da Teoria U e nosso parceiro na Climate Ventures:

  1. Construir muros – identificar o outro como culpado, no modelo nós X

    eles.

  2. Seguir fazendo a mesma coisa – esperando que a coisa se resolva como

  3. num passe de mágica

  4. Explorar o futuro que quer emergir – construir estruturas de diálogo ao invés de separação. Empatizar com os outros, se deixar levar pela vulnerabilidade do “não saber”, mas seguir fazendo.

Olhem para os lados. Reconheçam-se.

Todos aqui acreditam que essa 3ª via é possível.

Todos aqui são agentes de mudança.

E sabem que estamos juntos.

Tem uma profecia do povo nativo americano hopi perfeita para esse momento: nós somos aqueles por quem estávamos esperando.

A Climate Ventures está aqui para apoiá-los!

 
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